Minha infidelidade foi medida na minha incapacidade de fazer as coisas com constância. Basicamente, quando eu quero algo, eu faço, quando eu não quero, eu não faço. Se estou feliz, que se dane os problemas do mundo, se estou triste, todos devem se comover com minha aflição. Obviamente aprendi que não é assim que as coisas funcionam, principalmente que não é assim que Deus trabalha. Ou seja, Ele age de forma independente a nós, logo, aquilo que eu faço não deveria ser definido pelo que sinto no momento.
De forma direta, eu não queria estar escrevendo isso agora, mas coisas diferentes tem acontecido e eu frequentemente me esqueço de agradecer e escrever aqui. Se for olhar para os meus textos, normalmente só tem reclamações e choros sobre eu mesma ou algo novo que aprendi sobre mim, só que não é só isso que tenho vivido. Devido a escolhas que fiz colhi frutos não muito agradáveis, então toda dor e amargura que senti foi causada por mim e foi algo insuportável. Mas, como não é novidade, a fidelidade de Deus não se altera com aquilo que eu faço ou com o que eu não faço. Eu fiz o que quis e Ele seguiu fazendo o que precisava ser feito para que o seu plano se conclua.
Essa fidelidade ainda é algo que me deixa com vergonha e às vezes parece que meu corpo deseja rejeitar tal feito. Óbvio que o fato dele ser fiel e seguir garantindo e suprindo todas as minhas necessidades é fantástico, mas receber esse tratamento quando você está conscientemente escolhendo errado é mega desconfortável, causa vergonha. Por exemplo, como assim você não vai me xingar e se vingar de mim me fazendo sofrer mais ainda? Por isso digo que meu corpo deseja rejeitar isso. Fisicamente sinto esse desconforto, como se o meu organismo tivesse que se adaptar com um órgão recém transplantado e estivesse falhando miseravelmente.
Mas assim, pulando alguns detalhes, preciso registrar aqui que tudo aquilo que vem dEle vem com paz, uma espécie de silêncio. Minha cabeça é perturbada, silêncio não costuma ser algo comum. Sou bastante angustiada, paz não me é algo muito familiar. Sou nova nessa parada, então pequenas coisas me surpreendem. Coisas teoricamente óbvias, mas que nunca foram vivenciadas na prática e sentidas pelo corpo.
Nos últimos dias tenho enxergado detalhes que por um bom tempo dediquei esforços próprios para conseguir enxergar e falhei. Percebo que isso que também enxergo não vem com raiva ou vontade de apontar o dedo. O que fica claro em meu coração é que Deus realmente age de forma independente a nós, creio que isso está sendo cravado em mim. Uso o “realmente” nessa frase pois isso Ele já havia me dito dois ou três anos atrás, mas só agora girou uma chave na minha cabeça.
Outro detalhe que sempre me deixa curiosa é a dualidade presente nas coisas que vem dEle. Quando eu estava sofrendo pelas consequências das minhas ações a dor era diferente, mas recentemente ele me deu uma surra de consciência referente a um tópico sensível que me gera muita dor e, para minha surpresa, sigo com dor, mas com uma certa tranquilidade no peito. Sempre tive medo de falar sobre, evitei a todo custo, mas parece que Ele enfiou a mão na minha garganta e puxou para fora aquilo que estava guardado. Tô em carne viva, mas o sol não me queima. Esse detalhe não me é algo novo, já experimentei isso antes, mas eu havia me esquecido da diferença.