Subo o mais alto que posso
Até não enxergar o chão
Euforia intensa!
Sentir até a última gota é bom.
Escolho e fecho os meus olhos
E nos meus impulsos me solto.
Sufoco!
O meu peito se fechou.
— É sempre muito bom
Em queda, abraço o abismo
O tempo para!
Para o maior lance eu me vendo
Virei a ração!
De mim eles se alimentam
— Até que não é mais.
No balanço inicial, logo reconheço
Não é em Sua direção que vou me jogar
Maculada é minha consciência!
Quanto mais sei, mais anseio este ensejo
E no ponto mais alto
Mordo a mão que me alimenta
Neste palco, sou o entretenimento
Sou a ração que os alimenta
Neste trapézio não há confiança
O que sussurra somente me lança
E o ciclo se repete, sem recompensa.
— É sempre muito bom
Me alimento de mim mesma.
É meu último pulo!
Anseio pelos sete palmos do chão.
De mim, comeram e beberam
De mim, eles se alimentam
Não restou nada para mim
— Até que não é mais.
Do outro lado, onde antes não havia ninguém,
Vejo uma silhueta familiar
Somente observo em silêncio
Não há forças para gritar
A silhueta em minha direção se lança
Mas não há nada de valor em mim
Que Ele possa encontrar
Por que Ele está aqui?
Trapézio — Parte Um