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21 de abril de 2021 por Diego Weingaertner

O dia chegou… (3/3)

O dia chegou… (3/3)
21 de abril de 2021 por Diego Weingaertner

REF/MT.19:14

…Todos sabiam o que esse dia representava, ainda assim, apesar do “clima” de gratidão, nesses 5 anos que passaram o assunto nunca se fez audível em nenhum daqueles cafés.

O silêncio escancarava o peso na consciência.

O sentimento de irresponsabilidade por não terem prendido Caio na cadeirinha e a culpa que sentiam toda vez que seu filho tentava alcançar algum objeto, embaçava o ambiente.

“como pudemos ser tão burros!”

Um desabafo nunca dito, absorvido pelo medo, fixo nos pensamentos. A raiva de ter falhado na única tarefa que tinham, cuidar dos seus filhos.

“Não iria levar tanto tempo assim e certamente Caio ainda teria os dois braços inteiros.”

Angela desde aquele dia se tornou uma moça quieta. Ah! quem a via antes certamente não a reconheceria se não fossem pelos longos cabelos cacheados e aqueles olhos grandes. Menina esperta, gostava de falar muito e com todos. Sempre com a intenção de conhecer o que é que havia por dentro que motivava o que ela via por fora.

Não foi a única!

Nicolas nunca pensava. Não me entenda mal, ele era extremamente inteligente, por essa razão nada o fascinava com tamanha facilidade que fosse necessário parar pra pensar. Era difícil prender sua atenção, sempre com uma ideia nova, um plano novo, um sonho diferente… Perdia rapidamente o interesse, como se nada tivesse a sua altura, logo tinha que criar suas próprias “coisas”. Por isso me surpreendo ao ver agora o menino com medo de experimentar pela primeira vez um gole do café forte que seu pai amava.

Só um deles não mudou nada!

Caio nunca soube o que é ter dois braços e ainda não teve tempo para aprender a dar tanto valor assim para a vida. A alegria de ter ajudado a cortar a lenha que aquecia o espaço naquele dia, era tudo o que ele pensava. Na visão dele, foi o mais longe que já havia ido na vida.

Angela em silêncio, Nicolas com medo de um café e o pais escondidos por trás de leves sorrisos, crentes que ninguém conseguia notar as frequentes piscadas que desesperadamente tentavam apagar o ardido dos olhos vermelhos.
Mas Caio estava todo todo! Honestamente acho que nenhum deles se ligou de fato o quanto Caio estava seguro de si. Por isso a surpresa quando ele soltou a primeira bomba…

– Pai, por que você e a mãe nunca deixaram eu cortar lenha antes? – Ainda com a boca cheia de sucrilhos, não desviou o olhar.

– Hm… é que… – A surpresa retardou um pouco o pai, por isso prontamente a mãe respondeu.

– Bom, não queríamos que você se machucasse. Então decidimos que até hoje, ainda não era a hora. –

O pai claramente aliviado com a salvada da esposa, agradece com um piscar que quase instantaneamente é interrompido.

– Ah, entendi! Obrigado mãe. Mas não tem como vocês me protegerem sempre, um dia eu quero ser lenhador e então vocês não precisam ficar mais preocupados. Só que eu ainda tenho que treinar um pouco. –

Seja lá de onde vinha a força para segurar, mas o garoto sem querer conseguiu explodir a barragem e as lágrimas da mãe imediatamente começaram a dominar o rosto. Todos pararam de comer e beber. Caio que não entendeu nada, pediu desculpas dizendo que não queria ter estragado o café, ele só quis dizer que ele seria um bom lenhador e saberia se cuidar certinho. Nisso o pai já estava do outro lado da mesa abraçando a esposa. Nicolas foi fazer companhia nesse abraço, mas ao ver que Caio estava totalmente perdido, Angela decidiu explicar a situação.

– Não, não é isso Caio, você não estragou nada. O pai e a mãe já estavam tristes antes mesmo da gente sentar. É muito difícil para eles deixarem você sozinho porque eles se sentem culpados. –

Surpresos com a resposta de Angela, ficou claro para eles que a conversa que o assunto que por tantos anos fugia, não passaria mais daquele café da manhã.

Tudo pareceu surpreender! A inocência de Caio que apesar da sua perda não via problema em segurar um machado e cortar uma árvore. A confiança do Nicolas que acolheu sem titubear seus pais dentro do seu abraço e a Angela, que apesar de quieta, não havia deixado escapar nenhum detalhe, mesmo que seus pais estivessem confiantes do sucesso em velar suas dores.

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1 comment

Jessica disse:
21 de abril de 2021 às 12:15

A história me surpreendeu, acho que vc vai tratar sobre como a verdade deve dita, mesmo que a princípio seja doída para conseguir tratar pra valer a real ferida.

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