Domingo volto para casa, para minha nova casa, que um dia se fará antiga. E em meio a muitos pensamentos, me questiono sobre o quão insano é a vida que estou trilhando. Me sinto triste em ter que deixar novamente minha irmã e minha mãe, me sinto triste ao pensar que retornarei para a rotina cheia e solitária. Para o mesmo quarto pequeno, a mesma beliche, a mesma casa com pessoas que aprendi a reconhecer como minha nova família. Não saberei se terei dinheiro para o aluguel, para o cartão ou para comer. Não saberei se o remédio da ansiedade funcionará.
A solidão se senta em minha cama toda noite, ela se tornou parte da família também. Fazer sem ser vista e falar sem ser ouvida, viver como se estivesse morta para que nos outros haja vida. Desistir do meu medo, da ansiedade, do controle. Desistir de ser a protagonista desse teatro diário, dramático, que chamamos de vida. Desistir do drama, desistir da melancolia. Desistir do dinheiro. Desistir de mim. Retornar para onde pertenço e preciso estar, mesmo sem enxergar o próximo passo, mesmo sem ter algo para me segurar.
E em meio a esse mar de pensamentos, com ondas gigantes que sufocam o peito, lembro que não sou a primeira a me sentir assim. Para que eu pudesse suportar cada sentimento, Ele sentiu da forma mais intensa possível primeiro. Se hoje choro, é porque Ele também já chorou. Se fiz amizade com a solidão, é porque Ele também o fez. Se posso viver de forma despreocupada, assim o farei pois Ele também o fez. Se houve sorriso em meio a lágrimas, se houve paz em meio a Sua dor, certamente haverá para mim.
No paradoxo sentimental em que vivo, esvazio meu coração nas mãos da minha Certeza, mesmo que para isso eu precise conhecer a incerteza de cada passo.