Uma coisa sobre mim é que jamais lerei as coisas que escrevo aqui. É vergonhoso olhar para trás e ver as besteiras que já falei, pensei e escrevi, não importa o quão bonito ou impactante algo pareça. Até considero criativa a forma com que Deus usa essas pequenas coisas, inclusive, são essas bobeiras que me relembram da fidelidade dele em cada período da minha vida.
Nas últimas semanas, me sinto como se estivesse em um ringue de luta, não apanho e também não bato, apenas fico parada alimentando todas as minhas ansiedades no aguardo do primeiro soco que virá em minha direção. Minhas ansiedades são as perguntas que faço para Deus, perguntas em um tom de ordem e ausência de temor, o aguardo pelo soco final seria o meu medo pelo grande momento em que Ele se levantará e responderá no mesmo tom aquilo que o questiono e o acuso.
Ele tem sido fiel, eu tenho falhado miseravelmente em deixar que Ele assuma as rédeas da minha vida, a prova disso é a minha imensa preocupação com as coisas. Planejo em cima dos meus próprios sentimentos e além de fazer algo que não me foi exigido, eu ainda faço errado, afinal, os sentimentos são instáveis e mudam mais rápido que as estações. Ele tem permanecido do meu lado, eu tenho implorando para que Ele me dê uma oportunidade para que eu satisfaça os meus próprios desejos. Algo estranho acontece quando oro sobre essas coisas, é como se houvesse uma linha em meu coração separando o que desejo daquilo que eu realmente quero, de modo que eu passo a cogitar que essas coisas são coisas extremamente distintas. Quem sabe uma é movida pela carne e a outra pelo Espírito, mas não sei ao certo, creio que essa resposta seja muito óbvia e rasa.
O meu desejo difere do meu querer, talvez eu esteja entendendo um pouco do que Paulo escreve em Romanos 7, pois embora eu deseje o pecado, eu não quero me entregar a ele. Sempre falo que tudo o que eu preciso é de uma oportunidade, mas eu sou muito medrosa para fazer algo que eu sei que trará consequências negativas para minha imagem. Inclusive, percebi que meu motivo para não jogar tudo para o alto parte do meu medo de Deus simplesmente me abandonar e levar consigo tudo o que ele me deu, dinheiro e emprego. Veja, minha preocupação não é nem em obedecer por amor a Ele ou aos outros que sofrerão com minha desobediência.
Em meio a isso, Ele segue sendo fiel, pois insiste em me mostrar a forma nada criativa que o pecado opera na vida das pessoas a partir da mentira. Tudo segue um padrão, uma promessa de satisfação é oferecida e a consequência é removida. “Vá lá, encha a sua cara ao ponto do álcool inibir sua timidez e se entregue ao seus desejos mais egoístas, faça isso agora, não há consequências para você se preocupar. Se entregue e receba o que você quer, faça o que deseja e não sofra com as consequências”.
Há uma coisa que tenho certeza, tudo o que fazemos há consequência, não importa a forma com que você queira chamar isso, de carma à lei do retorno, tudo o que tocamos se move e nada permanece intacto, toda ação há de gerar um movimento e esse movimento há de gerar outro algo. Há uma mentira tão atraente e sorridente que caminha ao redor de cada indivíduo na intenção de seduzi-lo. Os argumentos partem sempre da autossuficiência e vitimização diante das circunstâncias que a vida nos coloca. Sou bom e tudo o que acontece de ruim comigo é injusto, afinal, sou uma vítima da injustiça de um Deus que olha para a terra e permite com que coisas ruins aconteçam.
De forma independente ao meu confiar, Ele seguirá sendo fiel. Quanto a isso, oro para que mesmo em meio à amargura eu consiga enxergar tal fidelidade, pois somente correrei a corrida se tiver a certeza do que me espera na linha de chegada.