Do que tenho percebido nesses últimos anos, vejo que a marca de uma humanidade afastada de Deus é o cansaço, o desespero e a insatisfação. Embora os anos passem e os discursos criem nova forma, essa marca segue perseguindo a todos, sendo interrompida somente por Jesus.
A forma que encontrei de expor o que tenho pensado é a partir de uma breve conversa a respeito do filme Barbie (2023), dirigido por Greta Gerwig. Do crente de igreja ao ateu de fórum, do jovem conservador ao liberal, há algo que os une, mostrando que possuem um problema comum, embora o mesmo se torne visível de formas diferentes. Do patriarcado ao feminismo, claramente vemos indivíduos sem noção alguma de quem são, como consequência, buscam seu valor em um discurso que superficialmente os acolhe, concede um motivo pelo qual lutar e uma migalha de poder que despertará mais fome. A ironia de Greta Gerwig ao retratar a Barbielândia como o padrão ideal de mundo onde todas as mulheres possuem poder e liberdade, sendo a solução feminista para os problemas de um mundo real, é incrível. Embora haja poder e liberdade, as bonequinhas não sabem quem são além da própria profissão. Quanto à experiência de Ken no mundo real, o mesmo se agarra à primeira migalha de poder e liberdade que lhe é oferecido. Ao ter seu coração partido e sua identidade nunca definida, Ken encontra seu valor no patriarcado que prevalece no Mundo Real, e em urgência retorna à Barbielândia e instaura o mesmo ideal em seu mundo. Resumindo, tanto o padrão Barbie Way Of Life, onde as mulheres possuem liberdade e poder para serem quem são, quanto o padrão Ken Way Of Life, onde os homens a tudo controlam, se mostram insuficientes para responder à pergunta “Quem sou eu?”.
Em diversas cenas pensei “Omg, she is just like me!!!!“, e te garanto que grande parte das pessoas que assistiram a este filme também pensaram o mesmo. Por qual razão afirmo isso? Pois a bagunça é tão grande que se faz necessário fazer piada para que pessoas admitam seus problemas. A falta de clareza acerca da própria identidade ocasiona a sensação de não pertencer a nenhum lugar, da mesma forma, leva a busca por pertencimento em qualquer viela da sociedade. No entanto, ao invés de encontrar a solução, o problema aumenta, pois nada material consegue responder à pergunta do “Que diabos eu sou??“.
E nisso consiste a minha angústia, ver que como sociedade andamos em círculos pensando estar chegando a algum lugar. Se os ideais são tão poderosos e capazes de mudar a vida para melhor, por qual motivo sigo vendo o mesmo cansaço, desespero e insatisfação? Siga em frente, levante a sua bandeira, retorne aos padrões tradicionais ou se lance no discurso liberal, no final, vocês não diferem um do outro. A mentira te elevará na posição de próprio salvador e salvador alheio, depois te esmagará no chão e cuspirá na sua cara, afirmando que você é um nada. Você acabará sozinho, lançado na lama, onde até mesmo os porcos ao seu redor se alimentarão melhor do que você.
O problema é a mentira, logo, a solução é a verdade. O lado “negativo” da verdade é que ela mostrará que sim, até aqui você fez tudo errado, e que o único culpado da sua situação medíocre e quebrada é você mesmo. No entanto, essa verdade te proporcionará liberdade, pois, embora você esteja com grandes problemas, não é você que irá resolver a sua própria vida, muito menos se salvar. O processo é extremamente doloroso, só que continuar do jeito que você está, vivendo na falsa esperança concedida pelo seu ideal de mundo, é muito pior, e você sabe disso.
No fim, todo o sentimento da Barbie (Versão Crise Existencial Com Pensamentos de Morte) pode ser resumida em uma fala de Fleabag:
“Quero alguém que me diga o que vestir de manhã. Toda manhã. Quero alguém que me diga o que comer. Do que gostar, odiar e ter raiva. O que escutar, qual banda gostar, do que comprar ingressos. Com o que fazer ou não fazer piada. Quero que me digam no que acreditar. Em quem votar. Quem amar e como dizer. Acho que quero que alguém me diga como viver minha vida, padre. Porque até agora acho que eu só errei.”
FLEABAG (2016)
A boa notícia consiste no fato de Jesus ser aquele que resolve o problema da humanidade como um todo. Ele entra na sua casa, te encontra encolhido em um canto de sua casa, pega uma cadeira e se assenta ao seu lado, no meio da sua bagunça. Ele vê a dor, vê o problema, vê o motivo e apresenta a solução. Ele desfará o seu castelinho de cartas, colocará um espelho na sua frente e te revelará quem você é sem Ele; com muita paciência e ternura, te ensinará a viver do jeito certo, te mostrará o que você realmente deseja, te ensinará a desejar pelas coisas corretas; ele revelará o seu egoísmo e em qual falsa esperança você se agarra. Você ficará bravo, mas Ele continuará ao seu lado; você duvidará, mas Ele seguirá escalando montanhas por você; você será infiel, mas Ele seguirá fiel. Então, você compreenderá o tamanho e o valor do amor que Ele tem por ti, na necessidade do perdão que Ele te concedeu, e o que isso tudo revela sobre quem você é.