É complexo fazer afirmações a respeito dos aspectos que constituem a nossa vida. São milênios de ideais, conceitos e crenças a respeito do que é certo ou errado, do que é bom e ruim, do que somos e para que fomos criados… e assim por diante. É fato que temos a cínica mania de buscar pelo desconhecido e uma tendência a idealizar todas as coisas para as quais não temos respostas.
A questão é, podemos esperar que brotem respostas perfeitas, de corações imperfeitos?
Seja em intelecto, conceitos demográficos, religiões, anseios, sonhos, criação, conquistas, prazeres, metas… são tantas as variáveis que influenciam nossas certezas, que até mesmo o esforço de organizá-las em uma lógica comum, seria impossível. Infinitos aspectos fazem com que cada um de nós, se torne único, de modo que podemos considerar no melhor dos casos, uma grande ingenuidade esperar que de nós parta uma justa e única verdade. Pensando assim, se pararmos para pensar, repito, se realmente pararmos para pensar, o autor de Eclesiastes tem plena razão quando diz que tudo é correr atrás do vento.
No fim, o que de fato vale a pena?
Veja. A fragilidade humana é tal, que o Criador reconhece que nós sempre voltamos ao mal, transformando tudo o que é bom, em uma prisão pesada e é de conhecimento geral que a vida pode sumir como um sopro a qualquer instante, levando a zero o valor de tudo o que vivemos correndo atrás.
Então repito, o que de fato sobra em nós, pelo qual vale a pena viver?
Então entendi um pouco…
Se o problema somos nós? Então porque não focar no outro? Acaso não é sobre o outro, o resumo de toda a lei? Ame a Deus a cima de todas as coisas e ao teu próximo, como a ti mesmo. Não deveria ser essa a métrica que filtra todo nosso ser e todas as nossas ações?
Levou mais um pequeno tempo para compreender que não há amor a Deus, nem amor ao próximo, onde eu ainda sou a régua. De fato, onde ainda existe eu, o restante do corpo naturalmente fica em segundo lugar. Então percebi que o máximo que nosso amor alcança é projetar nos outros, nossos próprios sonhos, anseios, fraquezas, desejos, planos e assim por diante.
Entendi mais um pouco…
Entendi que é por conta disso que se fala tanto em igreja e tão pouco de Cristo. Pois se eu falo do corpo, eu ainda posso ser alguém, mas se eu falo do Cabeça, então sou “só mais um”. Compreendi que obediência é a minha cruz e que essa cruz é uma sombra leve daquele que é o centro de todas as coisas. O começo e o Fim.
Então de repente ficou claro…
“O que de fato vale a pena?” Ora! Amar a Deus e amar ao próximo.
Aprendi que de fato tudo o que passa disso, é tomar para mim, responsabilidades que não são minhas. É tentar furtar a glória que não me pertence e é servir a mim mesmo ao invés daquele que me deu nova vida.
Então vi o desespero da pessoas planejando a cura para um corpo que elas mesmas dizem pertencer e compreendi a dura e bela realidade presenta na dependência. Compreendi que de fato tudo o que passa das medidas de Cristo, não possuí valor e não vale de fato a pena.
Então me entristeci ao ver tantos tomando para si, o que não lhes pertencem.
Pode um pulmão diagnosticar outros órgãos? O coração possui o remédio para curar um rim? Pode o estômago substituir a função de um dedo? Acaso cabe a nós a unidade do corpo?
Obediência não é a realidade que vocês tem vivido. Não passam de iludidos, andando cegos nos próprios anseios e por isso não percebem a correção. Já não ouvem a sua voz e vivem com medo de falhar. Endureceram o coração e vivem como aqueles “de fora”.
Ah como é clara a cegueira de vocês que querem salvar a IGREJA com as próprias forças.
Mas entendi que isso também é problema de Deus e que isso é viver a liberdade que Ele oferece: A mim, cabe obedecer! Pois a diversidade só pode ser tornar uma, nas Suas mãos.
Então de repente a complexidade sumiu!
O que de fato vale a pena?! Ora, o que melhor do que se deixar ser servido por Deus? O que há de melhor do que esperar a Sua vontade, na plena certeza de que assim será? O que vale a pena que não seja morrer para si mesmo, para então poder servir ao outro?
Agora ficou mais difícil explicar de onde vem a coragem que vocês têm, de não agir quando o Espírito incomoda e de não pisar onde o Senhor indicou. Cada vez mais fica mais complexo encontrar uma desculpa para entender como é possível vocês não ouvirem as próprias palavras e enxergarem que através delas vocês revelam as suas próprias hipocrisias.
De repente se tornou difícil compreender de onde tantos têm tirado a coragem de ainda acreditarem que seus planos são a cura.
Não sei. De repente devem achar que a vida ainda será longa e que o tempo não tem valor. Talvez não compreenderam ainda que o silêncio de um obediente, pode ser a condenação de um perdido ou talvez alguns são apenas jovens de mais para ver que não vale a pena apostar contra o Espírito.
Enfim, vai saber. As variáveis são infinitas. Da minha parte, pela graça de Deus, o que posso afirmar é que tudo o que passa de obediência, NÃO VALE A PENA!