Quando ouvi essas palavras pela primeira vez, me senti compreendida pelo compositor da música. Tanto eu quanto ele estávamos enfrentando uma luta, estávamos em busca de algo sem rosto e sem forma específica, mas buscávamos algo. Quanto mais eu me esforçava para isso, mais cansada eu me sentia. Viver era apenas um peso causado pela mão de um Deus que estava longe de mim. Não me recordo com exatidão de quando essa angústia começou, mas eu lembro com alegria do dia em que esse peso foi removido das minhas mãos.
E se eu orasse mais vezes? quem sabe minhas orações não sejam suficientes para que Ele me veja. Talvez a solução estivesse no tempo em que passo lendo a bíblia, ou quem sabe no quanto sou ativa na minha comunidade. Esses pensamentos perturbavam meu coração, pois embora eu tentasse, mais longe eu me sentia. Aquilo que eu tinha consciência de que não era, eu fazia de tudo para que olhos externos me aprovassem, para quem sabe aliviar a culpa constante que preenchia meus dias. Quanto mais eu tentava me provar, menos eu tinha para mostrar. Assim como o autor da canção diz em seus versos, eu me sentia presa dentro da minha própria cabeça.
É angustiante ver pessoas se perdendo no mesmo ciclo em que eu me perdi. Eu sei que você está buscando, você está tentando crer, tentando ter um pequeno vislumbre do Deus amoroso que tanto nos falam, mas tudo o que encontrou até agora foi frustração. E cara, como dói. Escalamos até onde nossas forças aguentam, mas nunca chegamos no pico da montanha, nossos braços enfraquecem e simplesmente caímos. Esse sentimento de jamais alcançar esse Algo que ansiamos corrói o peito, e meu coração se estilhaçou muitas vezes em diversas quedas diferentes.
Quando que esse peso foi removido das minhas mãos?
Jesus se refere a si mesmo como o Caminho, a Verdade e a Vida, e acrescentou que ninguém iria até o Pai se não fosse por meio dele (João 14:6). Em João 14:10, Jesus nos da uma pista valiosa, a regra de ouro, dizendo que quem o vê, Vê também o Pai. Não é isso que buscamos? Ver a Deus!? Não é isso que pulsa o coração de toda criatura? O anseio pelo que é Eterno, a permanência das coisas. O Deus que fala, que se relaciona, que corrige e capacita. Onde está esse Deus? por qual motivo tanto busco e nada encontro?
Jesus sempre esteve comigo, antes mesmo de eu reconhecê-lo como Deus. Ele estava lá quando por puro medo da condenação eu lia as escrituras. Ele também estava comigo quando eu orava e me distraia com meus anseios que sempre foram mais importantes. Quando eu me escondia, ao menos tentava, após repetir os mesmos erros, quando eu o culpava novamente pelos mesmos medos. Ele estava ali. Eu lembro de orar pedindo para que ele me ajudasse a conquistar coisas que claramente iam contra sua vontade, mas Ele permaneceu ao meu lado.
Ele nasceu e foi chamado de Emanuel, Deus Conosco. Ele cumpriu em silêncio seu propósito de morrer pelos nossos pecados e pagar a nossa dívida, destruindo tudo o que nos mantinha afastados do Pai. Foi por esse homem que os profetas tanto aguardaram, anunciaram sua vinda e morreram. Mas então, por qual motivo buscamos acesso ao Pai se não por meio dele? Bom, existe algo muito prazeroso em conquistar as coisas com nossas próprias mãos. Trabalhamos diariamente para no final do mês receber uma recompensa (salário), e como foi por mérito, nos sentimos realizados. No entanto, no aspecto vida com Deus não temos mérito nenhum no que recebemos, pois é nos dado por Graça. Por isso é melhor esconder Jesus do discurso, limitar a sua morte na Cruz, e pregar que se eu orar mais, se eu ler mais ou me comportar, posso então ser aceita por esse Deus. E esse discurso é o que corrói o peito, nos faz definhar em esforços que jamais serão suficientes.
Não há esforço que venha de mim capaz de me justificar ou me tornar aceita por Deus. Ele me vê, assim como desde o princípio já me via, e o faz por amor, não por algum mérito meu. Não há um bem genuíno em mim, o que fiz e tendo a fazer é sempre olhar para mim e me rebelar contra Deus. Com isso em mente, podemos nos alegrar na Boa Nova que nos foi anunciada: em obediência, Cristo se entregou à morte, para que por meio dele todo indivíduo tivesse acesso ao Pai.