REF/JO.15
Em sua carta destinada à seus irmãos localizados em Corinto, Paulo os traz a memória o fato de que todo cristão é um simples vaso de barro no qual o Senhor derramou um precioso tesouro (2Co 4:7).
Um vaso não possuía outra função além de armazenar algo belo e valioso. Sua utilidade e validade estão naquilo que é mantido dentro dele. Se Paulo e todos os outros cristãos da Igreja Primitiva não tivessem recebido gratuitamente o presente derramado dos Céus em seus corações de barro, nada teriam, nada seriam.
Pode o homem ter mais valor do que o Espírito que agora habita nele?
Certamente não.
O vaso de barro é mais precioso do que o tesouro contido dentro de si?
A resposta também é não.
Para viver, antes é necessário experimentar a morte. Cristo morreu para que a vida nos fosse dada. Para que a luz resplandecesse nas nossas trevas. Para que por meio de Sua morte, pudéssemos morrer para nós mesmos (2Co 5:14-15).
O erro do coração humano está em querer pegar para si lutas que não o pertencem. Em certa conversa com um amigo, tive a graciosa experiência de ter meu coração despedaçado diante do Senhor e contemplar minha miséria. As lutas que comprei estavam não apenas me nocauteando, mas me mantendo ocupada demais para enxergar o meu Salvador. Como seria possível a busca pela santidade, por amar a Deus e ao próximo e servir a comunidade em que congrego, me manter distante do Pai? Em João 15:4-5, Cristo misericordiosamente responde a essa pergunta:
“Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira.”.
Durante a conversa que tive, uma frase ecoou no fundo do meu coração e com um simples sopro revelou toda a segurança que eu ainda depositava na minha própria força.
“Quando fazemos algo além do que foi pedido, certamente não estamos fazendo a única coisa que nos foi ordenada.”
As batalhas que comprei, sempre foram maiores do que minha capacidade de vencê-las. As lutas para produzir frutos com minhas próprias mãos, só revelaram o solo despreparado do meu coração. Assim como o ramo só da fruto se está ligado a videira, só é possível cumprir as ordenanças do Senhor, quando estamos ligados a Ele. Na tentativa de mostrar boas obras, não permaneci naquele que é capaz de produzi-las.
O objetivo central da vida do homem deve ser permanecer em Cristo para então se tornar parecido com Ele. A perseverança no ato de permanecer transforma cada indivíduo de dentro para fora. Ao estarmos perto da Luz, nossas mais profundas trevas são expostas e o glorioso nome do Senhor as transforma em testemunho para a Sua Glória. Sua presença não apenas revela nosso pecado e fragilidade, mas também revela o Seu próprio coração.
Se não O conhecemos, a quem imitaremos? Sem a videira, como um ramo poderá produzir frutos?
A medida em que o conhecemos, Ele mesmo gera frutos de amor em nosso coração. Ao permanecermos em sua gloriosa presença, um prazer genuíno é gerado em nosso coração de barro, de modo que, diante das tentações, somos levados a dizer: “Como posso fazer essa grande maldade e pecar contra o meu Senhor?”. A obediência que tanto apreciamos, só ocorre quando amamos a Deus e esse amor é consequência da perseverança que temos em permanecer nEle.
Assim como um vaso não pode colocar o tesouro dentro de si mesmo, não é pelas próprias forças que o homem permanece no Criador. Que possamos nos agarrar na convicção de que Aquele que começou a boa obra em cada um de nós, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus (Fp 1:6).